sexta-feira, 15 de abril de 2011

A crise do começar da vida

Toda a gente fala da crise da meia idade. Escrevem-se livros e fazem-se filmes. E a crise do começar da vida? Neste momento ela parece-me bem mais problemática do que qualquer outra crise. O momento em que a nossa vida começa...não quando nascemos, porque nesse momento mal sabemos o que nos espera. E ficamos assim até muitos anos depois. A vida vai passando, lenta e feliz, sem preocupações de maior, a não ser quais os desenhos animados que vamos ver a seguir, ou qual o rapaz mais giro da escola. Ou até mesmo que curso seguir. Até aí tudo bem. Não que essa fase não seja cheia de crises. E se as tem, não são poucas. Mas são daquelas crises que começam num dia e no outro já nem nos lembramos. 


A crise de que falo é bem mais complicada. É a crise de nos apercebermos que temos o mundo à nossa frente e não temos a mais pequena ideia para onde queremos ir. A crise de querermos fazer tudo e mais alguma coisa, mas sentirmos que não sabemos fazer nada. A crise de já não podermos ver livros à frente e não nos lembrarmos de uma única coisa útil que tenhamos aprendido nas tantas aulas que feliz ou infelizmente tivémos. Os mais novos dizem-nos que gostariam era de ter a nossa idade para poder fazer o que quisessem, não depender dos pais e ver-se livres da escola. Os mais velhos, esses dizem-nos que tudo passa, que é normal o nosso pânico, e que não tarda muito já se passaram 20 anos e o que queremos é voltar atrás. Com tudo isto, não é de admirar o dito cujo do pânico. Fazemos um curso e sentimo-nos como se não soubessemos nada. Será que era mesmo isto que qu queria fazer? E agora, o que faço a seguir?


 Já vivemos o suficiente para sabermos que os sonhos de sermos estrelas de cinema, ou trabalharmos na NASA estão longe de se realizar, e no entanto não sabemos que outras fantásticas coisas queremos fazer. Chega a altura em que temos de nos começar a interessar por política, de começar a ler jornais, agirmos como adultos e fazer planos para o futuro. Mas que futuro? E o presente? Esse já se aprensenta suficientemente complicado. Queremos viajar, namorar, passear, ir a concertos. Mas nenhuma dessas coisas nos vai garantir o tal futuro, nenhuma dessas coisas nos vai presentear com um salário decente no fim do mês. E então? O que fazemos? Os pais estão lá, prontos a ajudar, mas sabemos que não podemos depender deles para sempre. De certa forma nem queremos. A idependência tem as suas vantagens, e até soa bem. Mas com a independência vem a responsabilidade. Além de decidirmos o que fazer com a nossa vida, temos que ser cidadãos responsáveis e tomar conta de nós. Fazer um mestrado e quem sabe um doutoramento, arranjar emprego, arranjar uma casa, um carro, talvez quem sabe até casar...
A verdade é que temos o mundo inteiro à nossa frente...e no entanto, não sabemos para onde ir.


(texto escrito pela Ju, em Maio de 2009, no auge das suas crises existenciais, que continuam tão actuais para muitas de nós!!)

3 comentários:

Mari disse...

sofro todos os dias com essas crises.

Cora disse...

Belo texto, é tudo o que estou vivendo agora com a carreira de pedagoga.

;)
abraços.

Ana Lucia disse...

belo texto, e o que est vivendo no momento, perto da aposentadoria aq no brasil pensem meninas.